Segurança da população contra zoonoses
Centro de controle no DF trata animais com doenças que oferecem risco de contaminação aos humanos
Gabriela Moll, da Agência Brasília
23 de março de 2015 - 16:59
Com apenas uma carrocinha na garagem, o Centro de Controle de Zoonoses do Distrito Federal desmistifica o imaginário de parte da população que acredita que o local é cenário de maus-tratos. Desde 2013, o departamento pertencente à Diretoria de Vigilância Ambiental em Saúde, da Secretaria de Saúde, não recolhe cães e gatos das ruas para serem sacrificados. O carro é usado para a coleta de animais doentes ou que apresentam risco — como cachorros agressivos que invadem casas e áreas públicas —, e as ações são voltadas ao controle e à prevenção de doenças virais como raiva, leishmaniose, hantavirose, leptospirose e febre amarela.
Ao contrário do que ocorria antes, não se recolhem cães e gatos abandonados. "As pessoas costumavam deixar seus bichos de estimação aqui por qualquer motivo. Percebemos que a acolhida incentivava o abandono", explica o veterinário chefe do Núcleo de Vigilância de Animais Domésticos do Centro de Zoonoses, Frederico Tôrres Braz. O espaço só abriga animais em situação de risco de doenças. Após os testes necessários, aqueles que estão comprovadamente saudáveis são vacinados e colocados para adoção.
Caso chegue um bicho sem sintomas de doenças virais, os funcionários orientam o dono ou a pessoa que o encontrou a procurar abrigos e organizações não governamentais (ONGs) responsáveis por esse trabalho de proteção. Por meio de material educativo, o centro também incentiva a conscientização sobre a posse responsável.
Para adotar, basta ser maior de 18 anos e comprometer-se a cuidar do cão ou do gato. A pessoa assina um termo de posse e recebe instruções sobre o estado de saúde. "Apesar de não sermos um local de doação, fazemos este serviço e estamos sempre abertos para os interessados", lembra Braz.
Exames e vacinasOutra função do Centro de Controle de Zoonoses do DF, que tem parceria com acadêmicos e pesquisadores da área veterinária da Universidade de Brasília, é garantir a segurança por meio do desenvolvimento de pesquisas e de programas de educação em saúde pública. Para minorar o risco de transmissão da leishmaniose, que acomete cães, o centro oferece materiais educativos com sugestões de medidas preventivas.
Além disso, um exame de sangue gratuito, que pode ser feito de segunda a sexta-feira, das 8 h às 17 h, detecta a doença. Em caso positivo, o teste é repetido. Se houver a confirmação e o dono permitir, o cachorro é sacrificado.
No caso da raiva, há campanha de vacinação antirrábica anual nas áreas urbana e rural do DF. A ação deste ano está prevista para o segundo semestre.
Saiba mais
Quais são os serviços prestados pelo Centro de Controle de Zoonoses?Como o próprio nome sugere, o centro faz a vigilância e o controle de animais doentes que oferecem risco de contaminação aos humanos. Morcegos, roedores, pombos, cães e gatos são testados e mapeados regularmente pelo órgão, criado em 1978. O local é dividido em laboratórios e setores específicos para cada tipo de bicho e enfermidade.
Um setor especializado recolhe os animais domésticos no caso de risco à saúde ou à segurança pública. Aqueles com leishmaniose são eutanasiados. Se contaminados com a raiva, acabam morrendo em até 10 dias devido ao ciclo da doença. Segundo o veterinário Frederico Braz, graças a campanhas de vacinação e conscientização, o último caso de raiva registrado no DF é de 2001. As espécies saudáveis podem ser adotadas.
No ano passado, 827 cães e 34 gatos foram sacrificados por estarem contaminados ou em sofrimento decorrente de acidentes como atropelamentos. No mesmo período, adotaram-se 274 cães e 104 gatos.
Quando os coletores de animais devem ser acionados?Apenas quando houver risco à saúde pública, a exemplo de cachorros sob suspeita de contaminação com leishmaniose ou raiva e que tiveram contato com outros bichos, como em condomínios. Aqueles que invadem casas ou lugares públicos e causam transtorno também podem ser recolhidos, mas é preciso ter cuidado. "Antes de recorrerem ao centro, as pessoas precisam ter a certeza de que se trata de animal sem dono", ressalta Braz.
O canil serve como abrigo para cães abandonados?Não mais. Desde o fim de 2013, o centro não faz mais a captura para testes, a não ser em casos de risco de contaminação. Atualmente, trabalha para que a população tenha consciência da posse responsável, ou seja, para que não abandone e entenda que adotar implica obrigações. Com panfletagem sobre o assunto, o órgão participa ainda de feiras e eventos, em parceria com as administrações regionais.
Há limite de tempo para os animais à procura de um novo lar?Não. Eles permanecem abrigados até encontrarem um dono. Atualmente, há 11 à espera de adoção: dois gatos adultos, seis cães adultos e três filhotes (estes só podem ser adotados após 40 dias de vida, tempo necessário para o desmame).
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