Polícia Militar e UnB trabalham para evitar trotes
Brincadeiras que humilham calouros podem ser consideradas crimes
Saulo Araújo, da Agência Brasília
10 de março de 2015 - 15:26
Poucos sabem, mas atitudes corriqueiras durante trotes são passíveis de prisão. Raspar a cabeça sem o consentimento do estudante, por exemplo, pode render indiciamento ao autor por lesão corporal — delito previsto no artigo 129 do Código Penal Brasileiro. Obrigar o calouro a pedir dinheiro na rua para o financiamento de festas pode ser interpretado como delito de constrangimento ilegal ou ameaça.
Atentos a possíveis tentativas de trotes nas dependências da universidade, policiais militares da Companhia Operacional do 3º Batalhão (Asa Norte) redobraram a vigilância. Na manhã de segunda-feira (9), primeiro dia de aula na UnB, uma equipe da unidade evitou um trote. Na ocasião, o governador Rodrigo Rollemberg participava da aula magna, evento que faz parte da Semana de Boas-Vindas da instituição.
Segundo o comandante da unidade, capitão Jorge da Silva, jovens veteranos de diversos cursos ensaiavam abordar um grupo de novos alunos, mas desistiram após a intervenção da PM: "Identifiquei a intenção deles, me aproximei e pontuei as consequências; eles entenderam e abortaram o trote".
O oficial lembra que o 190 — telefone de emergência da corporação — está disponível para os calouros que não se sentirem confortáveis com a abordagem agressiva de veteranos. "Ele [estudante] pode ligar para o 190 ou acionar um dos nossos policiais que fazem patrulhamento nas proximidades da UnB", orienta o capitão.
ConsciênciaPara o reitor da UnB, Ivan Camargo, os trotes ferem as normas de convivência da universidade. Ele destaca ações pedagógicas para tentar desestimular a ideia de brincadeiras que humilhem ou machuquem colegas. "Os casos relatados são muito ruins para a imagem da instituição, porque nossa postura é a de tentar conscientizar os alunos sobre essas práticas, mas muitas situações fogem da esfera administrativa e passam a ter consequências penais", lamenta o reitor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe! Queremos saber sua opinião!